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H2 Homem

H2 Homem

Hoje sonhei que tudo era diferente. Sonhei que não havia passado e que o futuro era um preterito mais que perfeito. Que conjugava cada verbo com eu vou, eu sou, eu posso. Que o presente era mesmo uma prenda. Hoje sonhei que sonhava. Porque o sonho comanda a vida.

Dizem que um homem não chora. Que homem que é homem não demonstra o que lhe vai na alma. Balelas. Um homem, um verdadeiro homem perante os seus becos sem saída, as suas fraquezas, os seus calcanhares de Aquiles chora...e chora bem. Porque chorar é o primeiro passo para seguir em frente. Chorar é exteriorizar o que não pode ficar preso na garganta. Aquele nó que quase não nos deixa respirar. Aquela dor que tem de sair de qualquer forma. As lágrimas têm de ser um adeus à tristeza. Por muito que custe e por muitas lágrimas que caiam ela tem de sair. Chorar alivia. Chorar é assumir que somos meros mortais, que sentimos e não somos feitos de ferro. Chorar é assumir que a nuvem negra pode dar lugar a um sol radiante. Um homem chora. Um homem chora porque existe. Um homem chora porque está vivo. E a vida nem sempre sorri. E é aí que um homem chora. Pode chorar como uma criança que não deixará de ser homem por isso. Porque a vida é assim mesmo. Não podemos fugir do que ela nos dá. Podemos seguir em frente, lutar, mas nunca podemos deixar de sentir. Porque deixar de sentir é deixar de viver. E viver é tão bom!

Talvez ande numa fase em que não tenha muito para dizer. Não é por mais nada. É porque a vida é mesmo assim. Quando um projecto televisivo acaba temos de fazer um período de luto. Faz parte. Vem-nos à memória tudo o que vivemos, o que rimos, o que nos divertimos, mas também as horas de gravações infindáveis, os quilos de textos para decorar de um dia para o outro. Neste momento estou como o coito interrompido. Não sei se faça o luto. Estou em stand by. Sabem que os actores têm um truque que usam muito: quando ficam sem trabalho, costumam dizer que estão de férias, mas na verdade estão no desemprego. Soa melhor: agora estou de férias, do que agora estou sem trabalho. Sabem, fiquei deveras emocionado com todas as coisas lindas que li, escritas por pessoas espalhadas pelos quatro cantos do mundo que seguem e sentem Beirais como uma aldeia que é sua. A televisão tem esta coisa de trabalharmos com máquinas e termos pouco contacto com os espectadores. Mas na rua e por escrito todos sentimos que Beirais é uma coisa especial que toca as pessoas no coração. Sendo assim irei manter-me neste coito interrompido sem fazer o luto de Beirais. Logo se vê o que a RTP que é soberana decide. Mas independentemente de tudo, acreditem que Beirais é um marco da minha e das vossas vidas. Foram 2 anos de puro prazer. Esperemos que não fique por aqui. Mas se ficar, foi muito bom enquanto durou!

Há coisas na nossa vida que são inesquecíveis. Momentos que nos tocam duma maneira que ficam para sempre numa gaveta especial das memórias...das boas memórias. Hoje, ao gravar a última cena em exteriores, despedimo-nos do Carvalhal, que durante dois anos ganhou uma nova identidade: Beirais. Quando fui para tirar uma foto à porta da funeraria, reparei que o anúncio e as pequenas montras já lá não estavam. A Funeraria Brito e Lameiras já não existia. Confesso que houve um calafrio que me percorreu ao ver aquela porta onde entrei e saí centenas de vezes, despida do meu cenário. Uma das habitantes do Carvalhal surgiu por trás de mim e ao ver que a Funeraria já lá não estava atirou: custa muito não custa? O que é que vai ser de nós. É abraçou-se a mim a chorar. Todos os ciculos se encerram mais dia menos dia. Chegamos ao fim desta série e não sabemos se voltamos. Pode ser um até já, mas tudo indica que é um adeus a Beirais. Um adeus ao Carvalhal, uma terra linda com gente maravilhosa que nos recebeu de braços abertos e nos fez sentir em casa. Mimaram-nos com abraços apertados, fruta trazida diretamente do quintal, momentos únicos que foram maravilhosos. Hoje eles sentiram que a vida deles ia mudar com o fim das gravações de Beirais. A nossa, dos actores também mudou. Porque Beirais somos todos nós.

O ciúme. Esse malvado ciúme que é uma faca de dois gumes. Se por um lado ter ciúmes demonstra que amamos, queremos, desejamos. Que nos deixa encanitados ver um qualquer marmanjo a olhar para o nosso amor. Que estamos sempre atentos ao olhar dela quando entra pela porta um caramelo que nós sabemos bem que é mais giro e interessante que nós. Gostamos de pensar que esse é o ciúme bom. Por outro lado se assumirmos a nossa existência sem ponta de ciúme há sempre aquela sensação que não valorizamos o que temos. Uma espécie de: Epá olhem lá para ela. Ninguém me leva isto. Eu confesso: sou ciumento. Bastante ciumento. Há quem defenda que não ter ciúmes é uma prova de inteligência. Eu prefiro ir pelo: nunca fiando. Não é que eu desconfie dela. Não tenho é confiança neles. E vocês? São uns confessos ciumentos?

Ai Jesus! Ai Jesus! O país parou por causa de Jesus. Eu sei que somos um país católico mas não era preciso tanto. De repente o governo e Passos Coelho respiram fundo. Já não há crise, problemas com a segurança social, pobreza. Agora é só os milhões e mais milhões que Jesus vai ganhar no Sporting que interessam. Marco Silva é afastado por causa da justa causa. Ou seja, querem que ele vá embora, mas não lhe querem pagar um tostão. É o chamado: vamos lá ver por onde podemos pegar para nos vermos livres dele mas sem custos. Olhem que isso é feio e não se faz...digo eu. Depois os benfiquistas: agora dizem que nunca gostaram de Jesus. Há 2 semanas estavam todos no Marquês a dizer amen a Jesus. Agora, qual última ceia, Jesus passou a ser Judas. É verdade que pela boca morre o peixe e as vezes que Jesus disse que sair do Benfica para outro grande era descer de divisão agora num ápice deixa de fazer sentido. O Sporteingue (deve ser assim que Jesus diz) agora é o maior e ganhar em Alvalade passa a ser "peaners". Todos se perguntam: será que no estádio de Alvalade se abriu um buraco e jorrou petróleo. É que de repente o clube que se dizia pobrezinho e em contenção de custos, passou a ter milhões e mais milhões para o menino Jesus. Eu percebo: estão à espera que ele faça o milagre da multiplicação de títulos. Mas para isso Bruno de Carvalho que gosta tanto de falar, vai ter de aprender depressa a ficar calado. Porque se há coisa que Jesus gosta é de mandar e a primeira coisa que exigiu foi mandar calar o presidente e o Inácio. Agora giro giro era o Marco Silva ir treinar o Benfica. Aí veremos se a força e o talento está nos clubes ou nos treinadores. Neste momento a táctica dos rivais da segunda circular é: tudo ao molho e fé não em Jesus, mas em Deus!

Bem diz o povo: não se aponta que é feio. Mas a verdade é que os portugueses não perdem a mania de ver se a galinha da vizinha é melhor que a minha. A inveja não fica bem a ninguém. Claro que estou a falar da inveja má, porque a boa não faz mal a ninguém. Há uma diferença entre ouvir uma mulher dizer: "olha-me só as pernas e o rabo da Gisele Bundchen, quem me dera" ou ouvir: "olha aquela pirosa brasileira com a mania que é boa. Monte de ossadas". A primeira para a maior parte das mulheres é verdadeira. A segunda é pura maldade de quem sonha ser um porta aviões e não passa dum barco de dois canos. Aliás, para ser verdadeiro, as mulheres são um bocado mázinhas no que toca a inveja. Se sabem que a vizinha foi promovida, em vez de dizerem: "ela é competente", muitas preferem: "anda a ser comida pelo patrão. Assim também eu". Quando uma mulher vê um vestido fashion e o imagina no seu corpo diz:"é lindo. Fica-me a matar". Se não o puder comprar e o vir vestido por outra atira: "que horror, parece uma baleia com aquilo vestido". A inveja é um mal nacional. Ok, não vou dizer que são todas assim, mas vibrar com o sucesso alheio é uma dificuldade que elas não assumem, mas que lhes está no sangue. Talvez nem dêem por isso. Talvez não façam por mal. Mas é verdade. A vitória alheia é muitas vezes vista como uma derrota pessoal. Olha-se para os outros sempre com aquela sensação de: eu também era capaz. O todos diferentes, todos iguais aqui não se aplica. Porque somos todos diferentes e não faz nada mal vibrar com quem ganha, sem sentir por um segundo que somos perdedores por isso.

Naquela noite ele não sabia se o estar sozinho lhe sabia bem ou se a solidão era algo que lhe causava ansiedade. Não encontrava um equilíbrio entre a casa vazia, em silêncio e o vazio que dentro dele habitava. Estar sozinho...sentir-se sozinho... Esta dualidade não sabia bem. Se por um lado lhe era confortável aquela sensação de que era dono do seu tempo, por outro o simples ruído do relógio a marcar cada segundo lhe ecoava na cabeça e lhe trazia um incómodo no peito. Ele sentia-se acompanhado por si mesmo, mas numa solidão que nada de bom tinha. A televisão não o satisfazia, não se concentrava a ler. Mas também não procurava ninguém porque lhe apetecia estar só mas sem a companhia da solidão. Ele sabia que aquilo não fazia sentido. Mas era o que sentia. Aprender o prazer de estar sozinho, mas sem se sentir só.

Gosto de ir à luta. Nem sempre é fácil. Muitas vezes deixo-me levar numa tristeza e num sentimento que me leva a pensar que nada vale a pena e que não sou capaz. Tenho esse terrível defeito: um pessimismo enorme e uma insegurança doentia. Quantas vezes me questiono: o que é que eu sou? Será que sou alguma coisa? Alguns dirão que admitir estas fragilidades é abrir demais o jogo, mostrar que sou isso mesmo...frágil. Talvez! Talvez seria bom eu mostrar que está tudo bem quando não está. Mas meus amigos, não há outra maneira de viver a vida. Acreditar, acreditar sempre. Podem ter a certeza que não é fácil ultrapassar as barreiras que a vida nos põe. Mas uma barreira foi feita para ser ultrapassada. Quando a noite cai e tudo fica negro, podem crer que um novo dia vai nascer. E mesmo quando parece que essa escuridão tomou conta de nós, o sol acaba sempre por surgir no horizonte. É difícil? É! Custa? Ó se custa! Mas dos fracos não reza a história. Podemos cair, mas olhem à volta e haverá sempre alguém para nós estender a mão e levantar-nos do chão. A vida tem destas coisas. Mas nós temos de ser mais fortes! Será que vamos conseguir? Tem de ser! Tem mesmo de ser!